Publicado Aug 8, 2022



PLUMX
Almetrics
 
Dimensions
 

Google Scholar
 
Search GoogleScholar


Cleusa Caldeira

Francisco das Chagas de Albuquerque

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Resumo

Este texto faz parte do projeto de pesquisa pós-doutoral em teologia, no qual a autora se propõe a lançar as bases epistemológicas de uma Teologia Negra Fundamental. Trata-se, por um lado, de assumir a crítica decolonial, mais especificamente a assunção da classificação racial da humanidade como o principal eixo do padrão de poder colonial que se atualiza como colonialidade; por outro lado, diante da cumplicidade histórica e epistêmica da teologia com a colonialidade ao assumir o eurocentrismo, sinalizar alguns desafios para os Estudos da Teologia Negra em perspectiva decolonial, que implica assumir as epistemologias invisibilizadas e até demonizadas no quefazer teológico. Além de apontar a inexistência da disciplina de Teologia Negra nas faculdades e cursos de pós-graduação em teologia, que ratifica o eurocentrismo, destaca-se questões epistemológicas que possam contribuir para a construção de um pensamento teológico negro capaz de responder às lutas e esperanças da comunidade negra e, ao mesmo tempo, participar do debate público interdisciplinar. Por isso, uma teologia negra brasileira implica fazer justiça cognitiva e epistêmica ao pensamento negro e, de modo especial, ao pensamento negro brasileiro; sem o qual torna-se impossível acessar o real racista que segue desumanizando uma porção considerável da humanidade. Fulcral é a assunção da experiência vivida da comunidade negra como lugar teológico para pronunciar um balbucio acerca da experiência humana-divino capaz de promover a humanização de todos. O método de pesquisa está marcado, acima de tudo, pela afirmação desta sujeita teológica no lugar de enunciação da experiência corporal de ser negra brasileira. Situada neste corpo-geopolítica do conhecimento, o que segue faz parte da própria experiência vivida e, ao mesmo tempo, do desejo de tecer um conhecimento outro que assume essa experiência como lugar teológico. Para isso, busca-se fazer justiça epistêmica para com o pensamento negro crítico e, assim, por meio de uma breve revisão bibliográfica apontar possíveis caminhos antirracistas à teologia.

Keywords

Teología negra, pensamiento negro, teología decolonial, teoquilombismo, meontologíaTeologia Negra, Pensamento negro, Teologia decolonial, Teoquilombismo, Meontologia

References
Adamo, David T. “African Biblical Studies: Illusions, Realities and Challenges”. In die Skriflig 50 (2016). https://journals.co.za/doi/abs/10.4102/ids.v50i1.1972 (consultado el 19 de abril de 2021).
Allen, John. Rabble-Rouses for Peace. The Authorized Biography of Desmond Tutu. New York (NY): Free Press, 2006.
Bernardino-Costa, Joaze. “Decolonialidade, Atlântico Negro e intelectuais negros brasileiros: em busca de um diálogo horizontal”. Revista Sociedade e Estado 33/1 (2018): 119-137.
Bernardino-Costa, Joaze & Ramón Grosfoguel.“Decolonialidade e perspectiva negra”. Revista Sociedade e Estado 31/1 (2016): 15-24.
Boff, Leonardo. “Prefacio”. En A cruz de Jesus e o sofrimento no mundo: a contribuição da teologia da libertação latino-americana, por Sinivaldo Silva Tavares, 9-10. Petrópolis: Vozes, 2002.
Buraschi, Daniel & María-José Aguilar-Idáñez. “Herramientas conceptuales para un antirracismo crítico-transformador”. Tabula rasa 26 (2017): 171-191.
Caldeira, Cleusa. “Fundamento teológicos da política. Reabilitação da fonte política da subjetividade em tempos pós-modernos”. Revista de Estudos da Religião 18 (2018): 141-159.
_____. “Theoquilombism: Black Theology between Political Theology and Theology of Inculturation”. Perspectiva teológica 53 (2021):137-159.
Caldeira, Cleusa & Vicente Artuso. “African Priestesses in the Biblical World. Decolonial Reading of Exodus 4:24-26”. Revista Estudos Feministas 28 (2020): 1-27.
Castiano, José P. Referenciais da filosofia africana: em busca da intersubjetivação. Maputo: Ndjira, 2010.
Césaire, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Augusto Sá da Costa, 1978.
Chauvet, Louis-Marie. Símbolo y sacramento. Dimensión constitutiva de la existencia cristiana. Barcelona: Helder. 1991.
Cone, James Hal. O Deus dos Oprimidos. São Paulo: Paulinas, 1985.
De Jagun, Márcio. Ori: a cabeça como divindade. Rio de Janeiro: Litteris, 2015.
Do Nascimento, Abdias. O Quilombismo. Documentos de uma militância Pan-Africana. São Paulo: Perspectiva, Ipeafro, 2019.
Dussel, Henrique. “Descolonização epistemológica da teologia”. Concilium 350 (2013): 19-30.
_____. “Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da filosofia da libertação”. Revista Sociedade e Estado 1 (2016): 51-73.
_____. “Un diálogo con Gianni Vattimo. De la Postmodernidad a la Transmodernidad”. A Parte Rei 54 (2007): 51-73. Disponível em: Intef, http://serbal.pntic. mec.es/~cmunoz11/dussel54.pdf (consultado el 15 de setembro de 2018).
Fanon, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
_____. Pele negra, máscara brancas. Salvador: Edufba, 2008.
Grosfoguel, Ramón. “El concepto de ‘racismo’ en Michel Foucautl y Frantz Fanon. ¿Teorizar desde la zona del ser o desde la zona del no-ser?” Tabula rasa 16 (2012):79-102.
_____. “Negros marxistas o marxismos negros?”. Tabula rasa 28 (2018): 11-12.
_____. “Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global”. Revista Crítica de Ciências Sociais 80 (2008): 15-147. http:// journals.openedition.org/ rccs/697 (consultado el 4 de junho de 2021).
Junior, Luiz Rufino Rodrigues. “Pedagogias das encruzilhadas”. Revista Periferia 10/1 (2018): 71-88.
Kabasélé, François. “Christ as Ancestor and Elder Brother”. En Faces of Jesus in Africa, editado por R. J. Schreiter, 116-126. New York (NY): Orbis Books, 1991.
Kaoma, Kapya. “From Missio Dei to Missio Creatoris Dei”. En Eco-Theology, Climate Justice and Food Security: Theological Education and Christian Leadership Development, editado por D. Werner y E. Jezlitzka, 159-177. Geneva: Globethics.net, 2016.
Maldonado-Torres, Nelson. “A topología do ser e a geopolítica do conhecimento. Modernidade, imperio e colonialidade”. Revista Critica de Ciências Sociais 80 (2008): 71-114.
_____. “Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas”. En Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico, organizado por J. Bernardino- Costa, N. Maldonado-Torres y R. Grosfoguel, 27-53. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
_____. “Sobre la colonialidad del ser: contribuiciones al desarrollo de un conpecto”. En El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global, organizado por S. Castro-Gómez y R. Grosfoguel, 127-167. Bogotá: Siglo del Hombre Editores - Universidad Central - Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos - Pontificia Universidad Javeriana-Instituto Pensar, 2007.
Mana, Kä. Foi chrétienne, crise africaine et reconstruction de l’Afrique. Sens et enjeux des théologies africaines contemporaines. Nairobi-Lomé-Yaoundé: CETA-HAHOCLE, 1992.
Mazama, Ama. “Afrocentricidade como novo paradigma”. En Afrocentricidade. Uma abordagem epistemológica inovadora, organizado por E. L. Nascimento, 111-127. São Paulo: Selo Negro, 2009.
Mbembe, Achille. Sair da grande noite. Ensaios sobre a África descolonizada. Petrópolis: Vozes, 2019.
Mendoza Álvarez, Carlos. Deus ineffabilis. Una teología posmoderna de la revelación del fin de los tempos. Barcelona: Herder-Universidad Iberoamericana, 2015.
Mignolo, Walter. “O lado mais escuro da Modernidade”. Revista Brasileira de Ciências Sociais 32/94 (2017): 1-18.
Munanga, Kabengele. “Origem e histórico do quilombo na África”. Revista USP 28 (1996): 56-63.
Nobles, Wade W. “Sakhu Sheti: retomando e reapropriando un foco psicológico afrocentrado”. En Afrocentricidade. Uma abordagem epistemológica inovadora, organizado por E. L. Nascimento, 277-297. São Paulo: Selo Negro, 2009.
Nyamiti, Charles. “African Christologies Today”. En Faces of Jesus in Africa, editado por R. J. Schreiter, 3-22. New York (NY): Orbis Books, 1991.
Quijano, Aníbal. “Colonialidad del poder y clasificacion social”. En El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global, organizado por S. Castro-Gómez y R. Grosfoguel, 93-126. Bogotá: Siglo del Hombre Editores - Universidad Central - Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos - Pontificia Universidad Javeriana-Instituto Pensar, 2007.
Tomichá Charupá, Roberto. “Apuntes para una misiologia latinoamericana: exploraciones desde el Instituto Latino-americano”. Ponencia presentada en el Ilamis, Bolívia, 20 de abril de 2016.
Vasconcelos, Aparecida Maria & Manuel Hurtado. “Descolonizar a cristologia”. Perspectiva teológica 48/3 (2016): 463-489.
Verger, Pierre. “Noção de pessoa e linhagem familiar entre os iorubás”. En Saída de Iaô. Cinco ensaios sobre a religião dos orixás, organizado por C. E. M. Moura. Salvador: Fundação Pierre Verger-Axis Mundi, 2002. Disponível em: https:// filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/pierre_verger_-_ nocao_de_pessoa_e_linhagem_familiar_entre_os_iorubas.pdf (consultado el 9 de março de 2021).
Como Citar
Caldeira, C. ., & das Chagas de Albuquerque, F. (2022). Questões críticas nos estudos da teologia negra em perspectiva decolonial. Theologica Xaveriana, 72. https://doi.org/10.11144/javeriana.tx72.qcetn
Seção
Artículos