A ideia do transporte ferroviário de Antioquia como sistema estruturante do território e em particular como categoria patrimonial de ‘itinerário cultural’, sugere uma leitura que vai mais para além de uma simples lista de bens móveis e imóveis de interesse cultural espalhados por uma geografia que nas últimas décadas tem estado submetidos ao seu abandono e obsolescência, com mudanças significativas nas dinâmicas de assentamento, troca multidimensional e permanência de suas comunidades vizinhas. Um novo cenário de criações e representações construídas desde a memória e os imaginários sociais permitiu revelar chaves de identidade, que, na categoria de itinerário cultural, constituem, como levanta Icomos (2008), valores de conjunto compartilhados, e por tanto, potencial emergente de gestão para sua valoração como recurso patrimonial, desde a perspectiva do desenvolvimento a escala humana. Este trabalho permite desvelar aquelas versões de identidade que se construíram desde o âmbito local e cotidiano das comunidades ferroviárias e transcendem o discurso oficial, ampliando o espectro de valoração ao cenário intangível das apropriações e significações, na construção de novos relatos, e por isso, de novos caminhos para a ativação e gestão participativa do itinerário ferroviário.