O presente artigo de reflexão objetiva analisar a participação dos atores do campo académico- científico no Chile, na implementação e desenvolvimento de um programa de administração das populações indígenas definido como modelo de governança caracterizado como ‘multiculturalismo neoliberal’. Especificamente apresenta-se o programa Origens dirigido às populações indígenas no Chile e analisa-se o caso do Instituto Isluga da Universidade Arturo Prat para demonstrar a existência de um vínculo entre a produção e circulação de conhecimento acadêmico e o desenvolvimento de esse modelo. Baseado na análise de entrevistas a pesquisadores/as dentro do campo académico das ciências sociais e humanas no Chile, mesmo como de currículos e documentos institucionais, o artigo contribui para refletir desde uma perspectiva crítica sobre os processos de interação entre campo académico e Estado. Os casos apresentados permitem-nos concluir que os atores académicos podem atuar como brokers, apojando e difundindo intelectualmente esse modelo.