Publicado Jan 1, 2021



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Hanner Iván Sánchez de Alba

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Resumo

Na performance intitulada Sangue e barulho, procurei expor a potência do meu corpo para transformá-lo em um arquivo vivo de registros de violência acumulados na memória, capaz de se desdobrar em um ciclo de movimentos impregnados dessa potência que, por sua vez, se tornam sinais com o simples estar-aí da carne animada. A violência institucional contra os corpos, que tem sido documentada historicamente e em todo o mundo, sempre me impressionou fortemente pela sua possibilidade de ser silenciosa, discreta e porque muitas vezes me encontrei em situações cotidianas intranscendentes, nas que me senti violentado silenciosamente sem poder me defender, mas sem saber claramente a origem dessa violência (de quanta violência e de que tipo de violência meu próprio corpo já foi vítima?). Eu me convenci de que nunca encontraria a resposta para essa pergunta, ou ela já não me interessava mais, então outra pergunta surgiu: é possível refletir sobre a violência oculta que um corpo pode receber em sua vida, justamente, por meio da contemplação desse corpo e de seus movimentos? Quando decidi que, partindo desse pensamento, faria uma ação artística, o corpo com o qual iria ensaiar para encontrar respostas seria o meu mesmo. Durante a performance, toda a minha vida passa diante de mim nesses momentos, e aparece a violência oculta que foi infligida e que eu mesmo infligi ao meu próprio ser, ao dirigir o deslocamento do meu corpo para os caminhos que conduzem aos ideais traçados pelo sistema social em que nasci, o qual é guiado por modelos de sexualidade, masculinidade, sucesso, bem-estar, comunidade, entre outros, com os quais muitas vezes não estive ou não estou de acordo ou que rejeito completamente. Na ação, o meu corpo (que nesse preciso momento se transforma em um “móvel” de arquivo móvel feito de carne e osso) busca saciar outra das urgências deste trabalho: revelar a delicada tensão que surge quando nos dispomos a catalogar um movimento, ação ou reação de um corpo contra outro corpo ou contra si mesmo como violentos, porque nem sempre é clara a relação entre a força com a qual se executa o movimento e a presença ou ausência de violência nas intenções que levaram à execução desse movimento com força, de modo que, com base no extenso feedback de espectadores do meu corpo em ação durante os laboratórios anteriores e na amostra de performance, sinto que essa tensão sim faz-se evidente para quem contempla Sangue e barulho e, de acordo com as descobertas feitas durante essas ações acredito que sim seja possível refletir sobre a violência por meio da contemplação do movimento no corpo.

Keywords

body, archive, memory, violencecuerpo, archivo, memoria, violenciacorpo, arquivo, memória, violência

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Como Citar
Sánchez de Alba, H. I. (2021). “Sangue e barulho”: arquivo da violência na memória corporal. Cuadernos De Música, Artes Visuales Y Artes Escénicas, 16(1), 84–103. https://doi.org/10.11144/javeriana.mavae16-1.syra
Seção
Dossier