Resumo
Este artigo visa oferecer algumas leituras sobre a relação entre fotografia e formação de subjetividades nas crianças. Especificamente, aborda o recorte temporal entre as décadas de 1980 e 1990, com o uso popularizado da fotografia análoga. Em resposta à possibilidade de investigar nos adultos suas memórias de infância por meio de fotografias, uma exploração empírica é feita em torno das práticas fotográficas dessa época para identificar nelas certos elementos que podem se considerar formadores de uma subjetividade infantil. Como quadro de análise, colocam-se alguns marcos sobre a transformação de certas definições da infância na sociedade moderna ocidental, se desenvolve uma perspectiva do conceito de subjetividade e se expõe que possivelmente as crianças da época abordada transitam entre uma subjetividade “estatal” e uma “midiática”. Desenvolvem-se, mesmo, alguns argumentos sobre como a fotografia e, em geral, a cultura midiática é produtora de subjetividades. A titutlo de conclusões, sugerem-se certas operações adultas no ato fotográfico que podem ser constituintes de uma subjetividade infantil; por exemplo, certa “reciclagem” de modelos visuais que datam de séculos anteriores, o uso de códigos de vestimenta, a articulação com a visualidade escolar, a organização do espaço fotográfico que envolve instruções sobre os corpos e as expressividades infantis, a projetação emocional adulta com as expressões infantis e certos códigos que instituem o gênero feminino nas meninas. Visa-se mesmo contribuir para a reflexão sobre as subjetividades da infância que estão se conformando na atual produção e circulação de fotografias de crianças nas redes sociais.

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