Vulva escreve com sangue e a letra com sangue entra: uma aproximação desde a estética da abjeção ao trabalho artístico de Nadia Granados e o Coletivo Zunga

Resumo

O artigo se aproxima dos trabalhos Antifálica (2000) e Asco y sangre (Nojo e sangue) (2010) de Nadia Granados, e às obras Nosotras las de sangre azul (Nós, as de sangue azul) (2012) e De capullo a flor (De botão a flor) (2013) do Coletivo Zunga, a partir do conceito de abjeção levantado por Julia Kristeva e, em particular, desde a sangue como forma de escrita abjeta da Vulva. No caso de Granados, mostra-se a oposição entre o nojo que gera o sangue menstrual e a “naturalização” do interminável rio de sangue produzido pela violência na Colômbia. No Coletivo Zunga, questiona-se a higienização do sangue menstrual desde os discursos publicitários e a dupla mensagem social e midiática (abjeção/ romantização) na relação com a menstruação como ritual de passagem. Em ambos os casos, as obras trabalhadas não receberam suficiente atenção por parte da crítica. As leituras da obra de Granados privilegiam sua obra Colombianización, os imaginários audiovisuais, a resistência em termos de gênero e sexualidades; as poucas leituras do Coletivo Zunga se aproximam mais da postura do grupo como artistas que a interpretações da sua obra. O trabalho mais próximo deste artigo é de Claudia Mandel, quem menciona o abjeto em obras visuais contemporâneas, pero não aborda nome nacional nenhum. Neste sentido, este artigo contribui para o campo da crítica artística colombiana do século XXI tanto a partir das obras das artistas trabalhadas quanto desde a abordagem proposta.