Resumo
Este artigo baseia-se na interação entre o coletivo Cubay Jëjënava, composto por indígenas cubeo do Vaupés, Colômbia, e o solo argiloso da Amazônia, particularmente a argila azul, considerada excremento da cobra progenitora. Este material transcende o seu caráter utilitário para se tornar um sedimento vivo carregado de memórias da Terra. Mediante técnicas tradicionais, como o amasso e a queimada, a argila azul é transformada em objetos que não apenas cumprem funções práticas, mas mesmo preservam estórias que entretecem o humano e não humano, o vivo e não vivo. Reviso a história geológica dos solos amazônicos, formados há milhões de anos, destacando que, longe de serem inférteis, esses solos atuam como agentes ativos na cocriação de vida e na interação com as comunidades humanas. As argilas azul e cinza, amiúde consideradas limitantes pelas narrativas científicas e coloniais, são ressignificadas pelas práticas indígenas como parceiras na geração de formas de vida e possibilidades criativas. As cores da Terra (branco, amarelo, azul e vermelho) são essenciais nestas dinâmicas, exemplificadas pelo carayurú, um pigmento vermelho usado como sustância de proteção, cura e comunicação, usado mesmo para criar traças protetoras nas faces de quem trabalha com argila azul, cujas formas são replicadas nas cerâmicas e reverberam em pinturas de rocas antigas. Este vínculo reforça a conexão entre corpos e território, sublinhando a interdependência entre o solo e quem o habita, bem como demostrando que o solo, longe de ser uma entidade inerte, é um organismo vibrante e em constante transformação, capaz de gerar vida e significado através das práticas materiais indígenas.
Achury Valenzuela, Darío. 1967. “Comer tierra”. Boletín Cultural y Bibliográfico 10, n.º 7: 1529-40.
Andrade Ponce, Gabriel P. 2020. “Registros de mamíferos terrestres en un salado natural del Resguardo Indígena Nonuya-Villazul, departamento del Amazonas, Colombia”. Mammalogy Notes 6, n.º 1. https://doi.org/10.47603/manovol6n1.mn0107.
Bennett, Jane. 2022. Materia vibrante: Una ecología política de las cosas. Buenos Aires: Caja Negra.
Darwin, Charles. 2008. The Descent of Man: and Selection in Relation to Sex. Princeton: Princeton University Press.
Darwin, Charles. 2011. La formación del mantillo vegetal, por la acción de las lombrices, con observaciones sobre sus hábitos. Madrid: Catarata.
Descola, Philippe. 2012. Más allá de la naturaleza y de la cultura. Buenos Aires: Amorrortu.
Facultad Comunicación y Letras UDP. 2020. “Verónica Gerber Bicecci en Cátedra Abierta UDP - Escrituras del compostaje”. https://www.youtube.com/watch?v=sT-o7gWM05E.
Haraway, Donna. 2019. Seguir con el problema: Generar parentesco en el Chthuluceno. Bilbao: Consonni.
Hoorn, Carina. 2006. “The Birth of the Mighty Amazon”. Scientific American 294, n.º 5: 52-59. https://doi.org/10.1038/scientificamerican0506-52.
Hoorn, Carina. 2023. “La Amazonia a través del tiempo: Evolución del paisaje y la biodiversidad”. Conferencia pronunciada en la Universidad Nacional de Colombia, 18d e agosto. https://www.youtube.com/watch?v=vg_QpGhQOzU.
Ingold, Tim. 2006. “Rethinking the Animate, Re-Animating Thought”. Ethnos 71, n.º 1: 9-20. https://doi.org/10.1080/00141840600603111.
Ingold, Tim. 2011. Being Alive: Essays on Movement, Knowledge and Description. Londres: Routledge.
Ingold, Tim. 2022. Correspondencias: Cartas al paisaje, la naturaleza y la tierra. Traducido por Xavier Gaillard Pla. Barcelona: Gedisa.
Kohn, Eduardo. 2021. Cómo piensan los bosques: Hacia una antropología más allá de lo humano. Traducido por Mónica Cuéllar Gempeler y Belén Agustina Sánchez. Quito: Abya-Yala.
Latour, Bruno. 2017. Facing Gaia: Eight Lectures on the New Climatic Regime. Cambridge: Polity.
Lee, Alan T. K., Donald J. Brightsmith, Mario P. Vargas, Karina Q. Leon, Aldo J. Mejia y Stuart J. Marsden. 2014. “Diet and Geophagy Across a Western Amazonian Parrot Assemblage”. Biotropica 46, n.º 3: 322-30. https://doi.org/10.1111/btp.12099.
Meggers, Betty J. 1954. “Environmental Limitation on the Development of Culture1”. American Anthropologist 56, n.º 5: 801-824. https://doi.org/10.1525/aa.1954.56.5.02a00060.
Meggers, Betty J. 1999. Amazonia: Hombre y cultura en un paraíso ilusorio. México: Siglo XXI.
Montalvo-Senior, María Camila. 2025. “Hacer de las manos con la tierra: Propuestas curatoriales desde las prácticas materiales indígenas para habitar-se la Tierra”. Tesis doctoral. Universidad Nacional de Colombia.
Noguera, Ana Patricia, Leonardo Ramírez y Sergio Manuel Echeverri. 2020. “Métodoestesis: Los caminos del sentir en los saberes de la tierra una aventura geo-epistémica en clave sur”. Revista de Investigación Agraria y Ambiental 11, n.º3: 45-64. https://doi.org/10.22490/21456453.3897.
Pallasmaa, Juhani. 2014. Ojos de la piel: La arquitectura y los sentidos. Barcelona: Gustavo Gili.
Puig de la Bellacasa, María. 2017. Matters of Care: Speculative Ethics in More Than Human Worlds. Mineápolis: University of Minnesota Press.
Puig de la Bellacasa, María. 2023. El espíritu del suelo: Por una comunidad más que humana. Barcelona: Tercero incluido.
Reichel-Dolmatoff, Gerardo. 1978. Beyond the Milky Way : Hallucinatory Imagery of the Tukano Indians. Los Ángeles : UCLA Latin American Institute. http://archive.org/details/beyondmilkywayha0000reic.
Viveiros de Castro, Eduardo. 2004. “Exchanging Perspectives: The Transformation of Objects into Subjects in Amerindian Ontologies”. Common Knowledge 10, n.º 3: 463-484. https://doi.org/10.1215/0961754X-10-3-463.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 María Camila Montalvo-Senior