Respiração, ar e vento: representações da territorialização do corpo

Resumo

Este artigo aborda os vídeos dos artistas Rivane Neuenschwander e Cao Guimarães Inventário das pequenas mortes (Sopro) (2000) e O inquilino (2010) e o filme The Prize (2011) de Paula Markovitch como pontos de partida para refletir sobre a vida, criação, corpo e territorialização. Para isso, propõe-se o conceito de ar como matéria e metáfora de uma energia criadora, e o conceito de esferas como formas alegóricas e abstrações espaciais de territórios em constante disputa. Por meio de metodologia comparativa, as contribuições teóricas de Peter Sloterdijk são retomadas para discutir as noções de espaço interior e exterior, e as de Gaston Bachelard para analisar a dimensão espacial a partir da fenomenologia do redondo e a ideia do ar como elemento de criação. Por seu lado, a noção de biopolítica e o papel da esfera pública e privada são analisados através do conceito de vida nua de Giorgio Agamben, e o corpo feminino como território de disputa política através do conceito de vulnerabilidade de Judith Butler e de Carol Arcos. Essa análise formal, narrativa, crítica e teórica relaciona as formas de ar com as três obras áudio visuais, o que evidencia, a partir de uma leitura estética, as tensões que constituem o corpo, físico e político, e sua constante oscilação entre o interior e o exterior, entre o público e o privado, entre a vida e a morte.