Resumo
A peça 400 dias sem luz produzida pelo Centro Dramático Nacional (CDN) de Espanha conta o drama vivido pelo bairro da Cañada Real Galiana, a 15 quilômetros do centro de Madrid, que teve o ministro eléctrico cortado há três anos. Os setores V e VI onde moram 1200 famílias são os mais afetados. Um total de 17 nacionalidades uniram-se para lutar contra a violação de um direito básico, o estigma social e o racismo. A peça é encenada por atores racializados e três ativistas de Cañada Real Galiana. O objetivo principal do artigo é conhecer as características que tornam esta obra antirracista, anticapitalista e antipatriarcal através da análise dos personagens racializados e os depoimentos direitos das vizinhas de Cañada Real Galiana, elenco racializado, diretora e dramaturga da obra e coordenador artístico do CDN. Na metodologia, à parte analítica descritiva por meio de fontes secundárias hemerográficas e bibliográficas, se une um desenvolvimento da pesquisa baseado na técnica qualitativa de entrevista em profundidade ou semipadronizada, ao coordenador artístico do CDN, a diretora, a dramaturga, os atores racializados e as ativistas. Acrecenta-se a observação participante direita de uma das atrizes racializadas, autora deste artigo. Integra-se a análise dos signos teatrais de Tadeusz Kowzan referidos ao ator de Francesco Casseti e Federico Di Chio. Concluindo, confirma-se que a configuração, a temática, o elenco e as características de teatro político, comunitário e social da obra conferem-lhe características de teatro anticapitalista, antirracista e antipatriarcal.

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