Resumo
América Latina e México têm evidenciado mudanças no comportamento epidemiológico da infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana, especialmente em mulheres heterossexuais, rurais e unidas em relações estáveis. Este fenómeno tem sido relacionado com a migração internacional. O objetivo desta pesquisa é analisar as condições que influenciam a resistência à prática dos encontros sexuais protegidos em casais em situação de migração internacional (México-Estados Unidos). Trata-se de um estudo qualitativo com enfoque em Teoria Fundamentada no qual foram entrevistadas 12 mulheres, concubinas ou esposas de pessoas com padrão de migração circular a Estados Unidos. Identificou-se que as condições que se associam com esta resistência derivam da ausência de implementação de políticas públicas para garantir às mulheres uma educação sexual integral, da impossibilidade de atingir independência financeira, bem como da falta de acesso a uma comunicação do risco de contágio do HIV desde uma perspectiva intercultural. Dado que não existe um antecedente de educação sexual integral, as mulheres reproduzem imaginários que estigmatizam o preservativo e às pessoas que o usam. Igualmente, a dependência financeira contribui a que as mulheres tenham que continuar compartindo sexualmente com pessoas que assumem práticas arriscadas. Finalmente, esta população não recebe um aconselhamento em saúde adaptada a seu contexto que lhe permita desenvolver uma percepção realista do risco.
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